Cota Zero

A intervenção plástica no novo átrio da Estação Sul e Sueste integra-se no projecto de ampliação e remodelação da Estação Fluvial do Sul e Sueste em Lisboa, projecto de 1932 do arquitecto Cottinelli Telmo. Esta ampliação da autoria do Atelier Daciano da Costa tem como objectivo transformar a estação Fluvial em Interface, criando neste edifício a ligação entre o metropolitano e os navios da Transtejo.

O suporte desta intervenção cerâmica é o conjunto do tecto e colunas do novo átrio do Interface. Pretende-se que esta se desenvolva de forma indissociável do espaço, fundindo-a com a arquitectura, mas que em simultâneo se destaque e o reforce. 

O tecto com as dimensões de 17m por 23m está solto das paredes, tem um pé direito de 5.6m e é suportado por 8 colunas de 0.60m de diâmetro. Sob este tecto emergem as escadas de acesso ao metropolitano. 

Neste espaço coexistem dois movimentos fortes: a chegada de barco à cota 0, pela superfície da água e a chegada de metropolitano, a uma cota negativa. A ligação entre esses dois movimentos é feita ao nível da superfície da água. A união entre estes dois fluxos faz-se aqui e é desta especificidade do lugar que surge a ideia base desta intervenção: uma reflexão sobre a Cota Zero

Utiliza-se o azulejo de lastra extrudida que no revestimento das colunas acompanha o seu raio de curvatura.

São utilizados vinte tons de azulejos monocromáticos, que vão do branco até ao preto passando por um azul. Será através da variação cromática deste material que se alcança um efeito óptico.

O desenho do tecto surge apenas com a utilização das dez cores mais claras, sendo as restantes cores utilizadas nas superfícies curvas das colunas.

É sobre a superfície de cerâmica do tecto que surge o desenho que induz à imagem da superfície da água. Formas circulares sugerem ser geradas pelas colunas e é recriada uma ligação entre a superfície plana e brilhante do tecto e as colunas. Desta relação/reflexão nasce um espaço virtual, colocando o espectador num novo lugar. 

A passagem dos utilizadores e a variação da luz no espaço é parte intrínseca desta obra que está em continua interacção e mutação.

 

Prémio: SOS Azulejo 2011, Categoria Obra Artística

Local: Terreiro do Paço, Lisboa, Portugal

Cliente: Metropolitano de Lisboa

Arquitectura: Atelier Daciano da Costa

Tratamento Plástico: Catarina Almada Negreiros e Rita Almada Negreiros

Area Revestida: 480m2

Data: 2011

Fotografia: Daniel Blaufuks

Video: Graça Castanheira